quinta-feira, 30 de julho de 2015

24 horas sem Facebook

Ontem de manhã me dei conta de quão vazio era ter uma vida exposta em uma rede social.

Sim, era uma rede social composta por alguns amigos e as postagens eram privadas, de forma que só tinha acesso ao conteúdo lá publicado quem fizesse parte da minha lista de amigos. Só que era justamente aí que estava o problema: minha "modesta" lista era preenchida por aproximadamente 600 amigos.

WOW!!! Como pode alguém ter 600 amigos?! É simples:

Não pode.

Eu certamente tenho vários amigos, mas duvido muito que o número de pessoas com quem eu realmente desejo compartilhar minha vida supere o número de primaveras que já completei, e sim, fiquei assustada e fiz uma reflexão sobre o que as pessoas geralmente falam:

"- Ah, mas eu só posto bobagem, nada comprometedor..."
"- Ah, mas eu nunca faço check in em lugar nenhum..."
"- Ué, quem não tem nada para esconder não tem problema em postar..."
"- Ih, tá querendo se esconder de quem?"

E tem aquela máxima também:

"Eu tenho, mas não tem nada meu lá, eu só uso pra ver o que os outros postam...". (Esse, pra mim, é o voyeur da rede social - não se expõe, mas adora saber o que há de podre no Reino da Dinamarca).

Pois então, mesmo que eu não postasse nada, tudo aquilo que um dia já foi postado continuaria lá, a menos que eu tivesse tempo - E SACO - para deletar todas as milhares de postagens desde meu cadastro no Facebook: Agosto de 2010.

Sim, foram 5 anos de extrema exposição. Viagens, restaurantes, brigas, piadas, acontecimentos, mudanças de emprego, conclusões de curso, novas amizades, interesses em livros, músicas, cantores, escritores e, pasmem, até comidas. Tudo lá, a Natalia Viotti estava lá, despida e pronta para ser "sabida" por quem quer que fosse e a qualquer tempo.

Era um raio-x da minha essência, tudo aquilo que deveria ser descoberto aos poucos e apenas por alguns estava lá, de graça, como numa "bancada de um hortifruti".

Aliás, o Facebook realmente se parece com uma rede varejista de frutas e legumes. Consigo até imaginar o Mr. Mark Zuckerberg, anunciando seu produto assim: "Venham, olhem os perfis que temos aqui! Temos os perfis mais divertidos, exóticos, diferentes, comuns, simples e exuberantes da Terra! Faça o seu também e vamos todos ficar vendo quem faz mais coisas, quem viaja mais, quem sai mais para jantar, quem é melhor sucedido, quem tem mais amigos, quem tem envelhecido mais, etc, etc, etc... Aqui você vai encontrar "o fruto mais suculento do mercado, sem agrotóxicos, 100% orgânico".

Aí é que está: Com tantas pessoas fazendo parte da rede umas das outras, até esquecemos quem está lá e acabamos mesmo confundindo o face com um "querido diário" e sendo até "100% orgânicos e livres de agrotóxicos", mas será que é realmente interessante estarmos tão "transparentes" assim para o mundo?

E não me venha com essa de "ah, não posto nada". Posta sim. E quando não posta pode ter certeza que alguém já fez por você e te marcou. Ah, já sei, você é daqueles que precisa aceitar a marcação... hum, pois bem, se seu amigo tirar uma foto com você e postar na timeline dele, todos os amigos dele verão, independentemente de você ter ou não aceitado. E certamente dentre os amigos dele estarão alguns dos seus ou até mesmo outros que você preferia nunca ter conhecido.

Agora, se você é daqueles que ficam só olhando a página dos outros... meu amigo... procure ajuda, e logo!

Seja já que tipo de usuário do face você é, faça diferente. Leia um livro, procure um seriado para acompanhar, ligue para um amigo, retome as rédeas da sua vida. Tenha o controle sobre quem e o que sabem da sua existência.

Não vou mentir, não será fácil. Nessas 24 horas eu já peguei o celular umas 1000 vezes, coloquei a senha e... fiquei olhando para a tela, sem saber o que fazer, pois aquele ícone azul com a letra "f" não estava mais lá e eu estava me sentindo perdida, fora do mundo, mas sei que em breve isso vai passar e quem realmente for importante vai achar uma maneira de manter contato e, de fato, se fazer, presente.

Tente fazer o mesmo, ao menos por umas semanas, como se fosse um teste. Conquiste pessoas. Reconquiste. Retome laços de verdade, sem se apoiar num pseudo-contato que não passa de uma conexão virtual.

Entenda o verdadeiro significado do verbo conectar.

E, se depois de tudo isso você ainda se sentir entediado, me procure! Podemos andar de bike no Ibira, pegar um sol na praia, ir ao cinema, assistir a uma peça de teatro (mesmo que seja tosca) e, na pior das hipóteses, podemos ficar em casa "de boa", pois lá não falta vinho - e papo tem de monte!

A vida é um parque que deve ser curtido da melhor forma possível e cabe a você, decidir quando e com quem vai dividir a gangorra!